Fiquei espantado com o
tendencionismo da mídia em geral (mentira, eu sei que é assim) acerca do que
aconteceu na Câmara dos Deputados, no dia em que votaram a admissibilidade do
julgamento do impeachment da Presidente(a) Dilma.
Muito se falou sobre a citação do
Deputado Jair Bolsonaro; nada a respeito da cusparada que levou do Deputado
Jean Willys.
O que se falou de cusparada foi a
que o ator José de Abreu proporcionou a um casal. Inclusive com um quadro no
Domingão do Faustão para que se justificasse (como se tivesse justificação o
fato de cuspir em alguém).
Bom, algumas coisas nesse cenário
me incomodam e muito e, uma delas passa por uma situação em que venho (ad
nauseam) repetindo em roda de amigos, Facebook etc: esse país não irá mudar por
uma milagrosa-mudança-de-mentalidade-da-classe-política, através de uma reforma
legislativa qualquer (tributária, trabalhista, ou mesmo política); irá mudar
quando a cabeça do brasileiro comum mudar; ou seja, não adianta esperar uma mudança
de cima para baixo.
O que percebo é que as pessoas
reclamam que está tudo ruim, que somos explorados, que a corrupção é endêmica
dentre os administradores da coisa pública, mas não têm a capacidade de começar
uma mudança dentro do seu âmbito de vida. Poderia enumerar inúmeras maneiras
pelas quais o brasileiro colabora para que o “status quo” seja mantido, mas
focarei em uma, que me fará voltar ao início deste texto.
Existe uma comodidade em receber
informações, que hoje se acredita em tudo que os jornais de massa dizem. E,
como sempre, a história é contada na versão a qual interessa a quem conta, essa
versão vira verdade. E vira verdade porque se acredita que é verdade; e aquilo
vai tomando forma que, mesmo sendo mentira, agora não tem mais jeito: é a
verdade.
Não se existe uma curiosidade em
averiguar outras fontes, saber outras versões, usar aquilo que o ser humano tem
de melhor em si: o racional. Ser curioso. Aliás, até um cachorro é mais curioso
que o brasileiro: se atenta para tudo ao seu redor (quem tem ou já teve um sabe
do que estou falando). Mas comparar o brasileiro a um cachorro é covardia: o
totó dá de dez! Não só na curiosidade, mas em muitas outras coisas (que não vem
ao caso agora).
Sabedores desse comodismo
tupiniquim, a mídia deita! Deita e rola!! Fala o que quer sobre o que for. Já
acho complicado quando vejo um jornalista, em meio de massa, emitir opinião
sobre um acontecimento. Sonegar informação, aí é canalhice!
Pois então, por que a mídia em
geral vem histericamente propagando a menção ao Coronel Brilhante Ustra e nada
fala sobre a cusparada? Por que fala do marido corrupto (prefeito de Montes Claros) de quem votou “sim” à
admissibilidade do impeachment da “Presidenta” e nenhuma menção ao pai do
deputado que votou “não” (Dirceu)?
Por que nenhuma menção ao
deputado que, ao votar, elencou um rol de terroristas como Lamarca e Marighella?
Esses foram heróis? Ustra foi torturador, mas torturador de quem? De pessoas de
bem? Ou de pessoas que queriam explodir carros-bomba e “tocar o terror” nas
ruas?
Depois desse domingo (24/04/2016) que a Globo
deu esse show de sonegação de informação (principalmente no programa "Fantástico"), beneficiando somente uma ala
ideológica (não deveria beneficiar ninguém, mas deixar nas mãos de quem assiste
a decisão; a verdade cairia bem), quero ver o que os bravejadores do “abaixo a
Rede Globo” têm a dizer.
Eu não me espantaria – num surto momentâneo
meu de teoria da conspiração – se ouvisse que, essa história do “abaixo a Rede
Globo”, fosse ideia da própria esquerda para que, quem com ela não concorda,
desse ouvidos à emissora (não estou afirmando que é, mas não me espantaria
diante do “modus operandi” da Revolução Cultural e que os jornalistas, em sua maioria,
foram soldados resolutos dela).
A Globo (e a mídia em geral,
jornalistas) é só um exemplo de como a história vem sendo contada pela metade; outros
que ajudaram muito a fazer a lavagem cerebral, contando a história pela metade,
foram os professores (principalmente os de história!).
Não quero aqui ficar defendendo
um político em detrimento de outro. O recado que quero passar é: não se acomode com a informação recebida
por uma fonte, seja da mídia, seja de um único livro, de professor ou de quem quer
que seja (ou do que for). Veja os dois lados, reflita sobre os acontecimentos,
buscando sempre a verdade e a coerência!
Pois, no fim das contas, somos nós
cidadãos, que não temos interesse nenhum em tirar proveito do sistema, que sofremos, enquanto uns poucos se beneficiam com essa história
contada pela metade.